domingo, 29 de maio de 2011

Poesia Infantil



            O poema é um texto literário, geralmente escrito em verso, com uma distribuição espacial muito particular: as linhas curtas e os agrupamentos em estrofe dão relevância aos espaços em branco. O texto emerge da página com uma silhueta especial que nos prepara para sermos introduzidos nos misteriosos labirintos da linguagem figurada. Pede uma leitura em voz alta, para captar o ritmo dos versos, e promove uma tarefa de abordagem que pretende extrair a significação dos recursos estilísticos empregados pelo poeta, quer seja para expressar seus sentimentos, suas emoções, sua versão da realidade, ou para criar atmosferas de mistério de surrealismo, relatar epopéias, ou, ainda, para representar ensinamentos morais (fábulas).
            A iniciação poética infantil começa em casa com a mãe cantando cantigas de ninar para o bebê dormir. Depois vêm as parlendas, as quadrinhas, as cantigas de roda, as adivinhas, os trava-línguas que são passados de geração a geração.
            Antigamente a poesia que se dava às crianças na escola não fugia à regra geral que dominava a literatura feita para elas. As intenções didáticas/pedagógicas/moralizantes aí também predominavam. A poesia só era lembrada para comemorar datas cívicas e dias especiais. E devia ser decorada. Toda a ludicidade, gratuidade, sonoridade, beleza que caracterizava a primeira experiência poética trazida de casa era esquecida.
            A poesia atual privilegia o aspecto lúdico, a sonoridade, o jogo de imagens e de palavras. Fala de coisas do mundo infantil sem preconceito, sem querer fazer a cabeça da criança, sem nenhuma outra intenção que não seja brincar com as palavras e mostrar o mundo por meio de uma linguagem lúdica e poética.
            A poesia nos convida a viver a fantasia, a soltar a imaginação, a sentir a realidade de maneira especial, mágica, a ver e buscar sentidos em tudo que nos rodeia e a expressa-los de forma simbólica, lúdica, criativa e prazerosa, onde o belo e sobrepõe ao útil.
            “Se a poesia pode desenvolver a personalidade, formar o gosto e a sensibilidade, possibilitar à criança o falar e o conhecimento do próprio ‘eu’, ela auxilia o compreensão da comunicação do irracional e do incomunicável, funcionando como um ‘antídoto’ em uma civilização urbana e técnica.”(Zilbermann, 1982:69)
            O poema trabalha, lapida a palavra. Busca a sua musicalidade, explora a sua sonoridade, o seu ritmo, os seus vários significados, fazendo da palavra um jogo, uma atividade lúdica na qual a palavra passa a ser um brinquedo com infinitas possibilidades. Desse modo o texto poético nos torna mais sensíveis à realidade quotidiana, amplia nossa percepção lingüística, a nossa sensibilidade para com a riqueza e a beleza do mundo da palavra.
            O que primeiro chama a atenção da criança num poema são seus elementos sonoros (plano fonético), quando ouvidos, ou a sua disposição, a sua organização no papel, quando vistos ou lidos. Sua musicalidade, sua sonoridade, fazem com que a poesia seja agradável ao ouvido. Sua ludicidade verbal e semântica fazem com que a poesia seja lúdica. “Desvendar as imagens de um poema significa recriar o próprio jogo armado pelo poeta, refazer o seu percurso” (Zilbermann, 1982:79).
            A poesia deve ser trabalhada em sala de aula com o objetivo de resgatar o poeta que está dentro de cada uma de nossas crianças. E precisa ter em vista o exercício da imaginação, da fantasia, da criatividade ao mesmo tempo em que mostra ao aluno a vida de forma lúdica, poética, com maior liberdade para construir o seu conhecimento.


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